tag:blogger.com,1999:blog-73649960838058956542024-03-08T03:06:33.639-08:00RODAS DE SILÊNCIOjorge manuel brasil mesquitahttp://www.blogger.com/profile/01805152284720023100noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7364996083805895654.post-53560549608244622612012-06-26T10:31:00.003-07:002012-07-20T05:43:14.901-07:00AMANTES DO FOGO SECO - I<span style="color: black; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong>21H20. 25 de Junho de 2012. Praia da Cruz Quebrada. Estou deitada sobre a areia. Visto uns calções curtos, azuis e de ganga, e uma blusa preta. Calço uns ténis brancos, sem meias. A noite está quente. Escrevo, em um caderninho de capas pretas, os sinuosos caminhos da floresta agreste que desabrocham nestes olhos verdes, nestes lábios, finos e naturais, neste corpo de modelo aristrocático. Estas linhas de tinta fresca são um corrimão de pensamentos soltos que se entrelaçam com a memória lívida dos passos, leves e curtos, que descrevem a fluidez sintética de uma vida singular rasgada pelas folhas soltas de um plural anémico. Com estes dedos delgados, que tanto amaram, escrevo o braseiro em que se diluiu a arquitectura de um romance coalhado de sombras e de cinzas, na estética de um baloiço amante. Estes traços que componho, na surdez desta praia, são os vincos de uma frigidez que me assolam esta carne, fogosa e carente, com a timidez de palavras rústicas e com a fragilidade emocional com que rebusco cada cântico desta sonolência à flor da pele. A elegância da noite revela-me a pobreza do meu tempo e assusta-me, com a clareza do seu hábito, esta presença solitária no recanto de uma praia que é a fluidez dos meus afectos. Levanto-me, recolho os meus pensamentos, e encaminho-me para a Estação de Comboios. Não espero muito tempo. Entro e sento-me num lugar, resguardado pelo prazer do seu isolamento. No Cais do Sodré, apanho o autocarro 36 até à Avenida da República. Atravesso-a, entro na Avenida João Crisóstemo, e chego, a casa, conformada com os caprichos da solidão. Dispo-me, tomo um duche rápido e preparo uma refeição ligeira. Depois, sento-me no sofá e, sob os clarões sonoros de "Violator", dos Depeche Mode, escrevo no meu caderninho com a suavidade de uma brisa tranquila as imagens deste passado que germinaram em futuro. </strong></span><br />
<span style="color: #0b5394; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong>Jorge Manuel Brasil Mesquita</strong></span><br />
<span style="color: #0b5394; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong>Criado, directamente, no blogue, no dia 26 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, às 18H28.</strong></span><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Arial;">Corrigido e acrescentado, no dia 27 de Junho de 2012, na Biblioteca Nacional, entre as 13H57 e as 14H33 e no dia 30 de Junho de 2012, às 13H56.</span></strong>jorge manuel brasil mesquitahttp://www.blogger.com/profile/01805152284720023100noreply@blogger.com0